Origem e evolução

Com o passar do tempo, diversas entidades e as diferentes esferas do poder público procuraram atribuir à celebração um caráter diferente. A partir do momento em que a ocasião tornou-se uma prática anual, a data colocou em evidência a divergência entre as gratificações simbólicas ao professor e seus vencimentos pelo desempenho de seu papel. Dessa forma, a iniciativa de 1933 acabou ganhando contornos de manifestação contra os baixos salários e as reais condições do exercício do magistério. O processo assumiu diferentes formas nos diversos estados brasileiros.
Em 1947, representantes do magistério paulista organizaram um movimento em prol da oficialização da data. Em 1948, o governador Adhemar de Barros declarou o dia 15 de outubro como “Dia do Professor”, feriado escolar. As comemorações em São Paulo por parte do estado oscilavam entre homenagens e esquecimentos da data.
Entre os cariocas, o Dia do Professor desempenhou um papel de destaque nos embates entre os Sindicatos dos Professores, os proprietários de colégios particulares e o poder público. De um lado, havia uma discrepância entre o que se pagava aos colégios e o número de horas recebidas pelos professores. De outro, diretores de colégios particulares e representantes do poder público ameaçavam obrigar os professores a trabalhar no dia do feriado, numa forma de hostilizar suas reivindicações por melhores salários. Tal ação só foi impedida por porque o presidente da época, João Goulart, declarou o Dia do Professor feriado escolar em todo o Brasil.
Além disso, no final dos anos 50, ao constatarem que não houve melhorias na remuneração desde suas manifestações da década de 40, as entidades representantes do magistério passaram a utilizar a data para expressar seu descontentamento. A ausência nas cerimônias oficiais passou a ser, inclusive, uma forma de manifestação. Até que, em 1963, em São Paulo, houve a primeira greve geral de professores exatamente no Dia do Professor.
Assim, surgiu uma disputa entre o estado e os representantes do magistério no que se refere à apropriação da data e à construção da imagem do professor.